Boletim médico de Jair Bolsonaro indica melhora, mas ex-presidente segue na UTI
Imagem: Reprodução/Instagram @jairbolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, se recuperando de uma complexa cirurgia abdominal realizada recentemente. O último boletim médico divulgado pela equipe que o assiste indica que Bolsonaro apresenta boa evolução clínica, estando estável e sem dores, mas ainda sem previsão de alta da UTI:contentReference[oaicite:0]{index=0}:contentReference[oaicite:1]{index=1}. A seguir, detalhamos o estado de saúde atual de Bolsonaro, sua recuperação pós-operatória, as implicações políticas de sua internação e um histórico médico desde o atentado à faca que sofreu em 2018.
Estado de saúde atual de Bolsonaro
De acordo com o boletim médico mais recente, Jair Bolsonaro está clinicamente estável. Ele não sente dores e não apresenta sinais de infecção ou outras complicações significativas no momento:contentReference[oaicite:2]{index=2}. Exames de imagem de controle (tomografias) não detectaram anormalidades pós-cirúrgicas:contentReference[oaicite:3]{index=3}, o que é um indicativo positivo em sua recuperação.
Apesar da melhora notável, o quadro ainda inspira cuidados. Bolsonaro segue internado na UTI principalmente por precaução e pela necessidade de monitoração intensiva. Ele permanece em jejum oral, sem se alimentar pela boca, e recebe nutrição parenteral (alimentação pela veia) enquanto seu intestino não retoma plenamente as funções normais:contentReference[oaicite:4]{index=4}. Essa medida evita sobrecarga do sistema digestivo enquanto ocorre a cicatrização interna.
O boletim também informou que Bolsonaro teve um episódio de alteração de pressão arterial durante a internação na UTI, mas o problema já foi controlado e a pressão está estabilizada:contentReference[oaicite:5]{index=5}. Essa oscilação foi acompanhada de perto pela equipe médica e não resultou em consequências graves. Por precaução, contudo, não há previsão de transferência da UTI para um quarto comum tão cedo, e o ex-presidente permanece sem autorização para receber visitas:contentReference[oaicite:6]{index=6}. A recomendação de isolamento visa reduzir riscos de infecção e permitir repouso adequado.
Recuperação e fisioterapia na UTI
Bolsonaro se encontra em processo ativo de recuperação, assistido por fisioterapeutas e equipe multidisciplinar. Mesmo na UTI, ele tem realizado fisioterapia motora e respiratória diariamente:contentReference[oaicite:7]{index=7}. Os exercícios incluem caminhadas curtas fora do leito, com auxílio de equipamentos e profissionais, para estimular a circulação e readquirir força muscular. Além disso, há um enfoque em exercícios respiratórios, pois após longas cirurgias existe risco de complicações pulmonares, como pneumonia, especialmente em pacientes imóveis:contentReference[oaicite:8]{index=8}.
Na prática, os médicos buscam evitar que o período prolongado de internação cause perda de massa muscular ou problemas respiratórios. Até o momento, Bolsonaro tem respondido bem: ele já consegue caminhar pelos corredores da UTI, usando um andador para suporte e sendo acompanhado por enfermeiras e médicos:contentReference[oaicite:9]{index=9}. Em vídeos divulgados nas redes sociais, o ex-presidente aparece falando com clareza e demonstrando disposição durante essas breves caminhadas, ainda que utilizando sonda nasal e outros aparatos clínicos:contentReference[oaicite:10]{index=10}. Essas imagens têm servido para tranquilizar seus apoiadores quanto à sua recuperação.
Vídeo: Bolsonaro caminha pelos corredores do hospital com suporte da equipe médica (CNN Brasil)
Conforme relatos da equipe médica, a colaboração de Bolsonaro nas sessões de fisioterapia tem sido positiva e importante para sua evolução. A programação de hoje inclui intensificar a fisioterapia motora e outras medidas de reabilitação, de acordo com a equipe cirúrgica liderada pelo médico Cláudio Birolini:contentReference[oaicite:11]{index=11}:contentReference[oaicite:12]{index=12}. Cada pequeno progresso, como levantar da cama e dar alguns passos, é considerado um passo importante rumo à recuperação plena, embora o processo seja lento e gradual.
Detalhes da cirurgia de emergência
No domingo (13), Jair Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia de alta complexidade com duração de 12 horas, considerada pelos médicos como a intervenção mais longa e delicada desde o atentado de 2018:contentReference[oaicite:13]{index=13}. O procedimento visou desobstruir o intestino — que apresentava uma obstrução potencialmente perigosa — e reconstruir a parede abdominal, afetada por aderências (tecidos internos cicatriciais) decorrentes de cirurgias anteriores:contentReference[oaicite:14]{index=14}. Essas aderências podem formar “cicatrizes” internas que ligam partes do intestino, causando bloqueios; a cirurgia removeu essas aderências para restabelecer o fluxo normal no trato digestivo.
A operação iniciou na manhã de domingo e estendeu-se por mais tempo que o previsto inicialmente, dada sua complexidade:contentReference[oaicite:15]{index=15}. Segundo relatos, tratou-se da sexta cirurgia de Bolsonaro relacionada à facada de 2018, e a mais demorada de todas até então:contentReference[oaicite:16]{index=16}. Felizmente, o boletim médico informou que o procedimento transcorreu sem intercorrências graves, sem necessidade de transfusão de sangue e com sucesso técnico naquilo que se propôs:contentReference[oaicite:17]{index=17}. Após a cirurgia, Bolsonaro foi encaminhado diretamente à UTI, onde vem recebendo cuidados intensivos pós-operatórios.
Imagem: Bolsonaro deixa o Hospital Rio Grande, em Natal, para transferência a Brasília, em 12 de abril de 2025 (Foto: José Aldenir/AFP)
Bolsonaro chegou a Brasília na noite de 12 de abril, em uma UTI aérea, para que a cirurgia fosse realizada na capital federal por sua equipe de confiança. Ele havia passado mal durante um evento político no Rio Grande do Norte dois dias antes, em 11 de abril, quando sentiu fortes dores abdominais que o forçaram a interromper sua agenda pública:contentReference[oaicite:18]{index=18}:contentReference[oaicite:19]{index=19}. Inicialmente atendido em um hospital de Santa Cruz (interior do RN) e depois no Hospital Rio Grande em Natal, Bolsonaro foi estabilizado e transferido de helicóptero para Brasília assim que os exames indicaram a obstrução intestinal relacionada à antiga lesão da facada:contentReference[oaicite:20]{index=20}.
De acordo com a equipe médica, a obstrução intestinal que motivou a cirurgia era um quadro já recorrente nos últimos anos. O médico Antônio Luiz Macedo, que acompanha Bolsonaro desde 2018, já esperava a possibilidade de nova intervenção, pois o ex-presidente vinha sofrendo episódios repetitivos de suboclusão intestinal (entupimento parcial do intestino) devido às múltiplas cirurgias anteriores:contentReference[oaicite:21]{index=21}. Cada nova operação abdominal cria mais cicatrizes internas, elevando a chance de obstruções futuras – era um “risco conhecido” segundo os especialistas. Ainda assim, os médicos consideraram este episódio o mais agudo até agora, com sintomas mais intensos (dor forte e distensão abdominal) do que nas obstruções passadas:contentReference[oaicite:22]{index=22}.
Implicações políticas e reações
A súbita internação e cirurgia de Jair Bolsonaro tiveram também desdobramentos no cenário político. O ex-presidente, que atualmente lidera a oposição ao governo, precisou cancelar compromissos de sua caravana política pelo Nordeste – iniciativa em que buscava mobilizar sua base e pressionar o Congresso por uma anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes bolsonaristas invadiram prédios dos Três Poderes em Brasília:contentReference[oaicite:23]{index=23}:contentReference[oaicite:24]{index=24}. A hospitalização forçou uma pausa nessa agenda, esfriando temporariamente as articulações em prol da chamada “PL da Anistia”. Integrantes do seu partido (PL) e aliados manifestaram preocupação, mas também destacaram que Bolsonaro segue orientando-os mesmo do hospital, em especial sobre a pauta de anistia aos seus apoiadores presos.
Nas redes sociais, Bolsonaro manteve contato com seu público para atualizá-los sobre sua saúde. Em uma mensagem de agradecimento postada no dia 14, ele tranquilizou os seguidores afirmando que seu estado era estável, porém ressaltou que “a recuperação exige cuidados intensivos e será gradual”. Bolsonaro também mencionou: “Essa foi a sexta cirurgia relacionada ao atentado que sofri em 2018, e já é a nona vez que preciso ser internado por complicações decorrentes daquele episódio. No momento, ainda não há previsão para minha alta… Um forte abraço em cada um e repito: voltaremos!”:contentReference[oaicite:25]{index=25}. Com essa declaração de “voltaremos”, ele sinalizou disposição de retornar à ativa assim que possível, mensagem direcionada claramente aos seus apoiadores mais fiéis.
A base de apoio de Bolsonaro, de fato, mobilizou-se em corrente de orações e homenagens durante sua internação. Grupos de simpatizantes se reuniram em frente aos hospitais tanto em Natal quanto em Brasília, exibindo bandeiras do Brasil e faixas de apoio, desejando sua pronta recuperação. Em Natal, na noite de 11 de abril, dezenas de pessoas rezaram e cantaram hinos patrióticos na entrada do Hospital Rio Grande enquanto Bolsonaro era transferido:contentReference[oaicite:26]{index=26}. Esse apoio popular evidenciou como a saúde do ex-presidente ainda é um tema de forte comoção política no país. Paralelamente, desafetos políticos de Bolsonaro mantiveram postura discreta; o presidente Lula lhe desejou melhoras brevemente em entrevistas, evitando politizar o assunto de saúde.
Imagem: Simpatizantes oram pela saúde de Bolsonaro em frente ao hospital DF Star, em Brasília, em abril de 2025 (Foto: Eraldo Peres/AP)
Observadores políticos apontam que uma recuperação prolongada de Bolsonaro pode afetar movimentos da oposição. Enquanto ele estiver afastado de eventos públicos, outros líderes da direita podem ganhar protagonismo temporariamente. No entanto, Bolsonaro continua se comunicando com aliados próximos e dando direcionamentos mesmo hospitalizado. Analistas lembram que problemas de saúde de presidentes ou ex-presidentes costumam gerar certa solidariedade popular; no caso de Bolsonaro, sua base interpreta sua resistência física como símbolo de força política, dada a sequência de cirurgias enfrentadas desde 2018. Por outro lado, eventuais limitações médicas podem refrear planos de viagens e comícios no curto prazo.
Histórico médico pós-facada (2018–2025)
Desde o atentado a faca sofrido em setembro de 2018, Jair Bolsonaro enfrentou uma longa jornada de procedimentos médicos e internações. A seguir, relembramos os principais episódios de sua saga de saúde pós-facada:
- 6 de setembro de 2018 – Facada e primeira cirurgia de emergência: Bolsonaro é esfaqueado durante comício em Juiz de Fora (MG). Socorrido às pressas, passou por uma cirurgia de alta complexidade de ~2 horas para estancar hemorragias internas e reparar lesões no intestino delgado e grosso:contentReference[oaicite:27]{index=27}. Nessa operação inicial, foi realizada uma colostomia – instalação de bolsa intestinal externa – devido aos graves danos ao intestino grosso.
- 12 de setembro de 2018 – Segunda cirurgia de emergência: Já internado no Hospital Albert Einstein (SP), o então candidato teve uma obstrução no intestino delgado e precisou de nova cirurgia de urgência:contentReference[oaicite:28]{index=28}. O procedimento, de pouco mais de 1 hora, removeu aderências que bloqueavam o intestino delgado.
- 28 de janeiro de 2019 – Retirada da bolsa de colostomia: Após sua posse como presidente, Bolsonaro realizou cirurgia programada para reverter a colostomia:contentReference[oaicite:29]{index=29}. Em um procedimento de cerca de 7 horas, os cirurgiões reconectaram seu intestino, eliminando a necessidade da bolsa. Bolsonaro ficou 18 dias internado em recuperação.
- 8 de setembro de 2019 – Correção de hérnia incisional: Bolsonaro passou por nova cirurgia, desta vez para corrigir uma hérnia surgida na cicatriz das operações anteriores:contentReference[oaicite:30]{index=30}. A intervenção, considerada de médio porte, durou cerca de 5 horas e já era esperada pelos médicos como consequência das cirurgias abdominais prévias.
- Julho de 2021 – Internação por obstrução intestinal (sem cirurgia): Com fortes soluços persistentes e dores, Bolsonaro foi internado no HFA em Brasília e depois em São Paulo com quadro de obstrução intestinal. Foi avaliada cirurgia, mas o problema se resolveu clinicamente e não houve operação naquela ocasião:contentReference[oaicite:31]{index=31}. Ele ficou alguns dias em observação até recuperar os movimentos intestinais.
- Janeiro de 2022 – Nova obstrução intestinal (sem cirurgia): Bolsonaro é novamente hospitalizado de urgência em São Paulo com sinais de bloqueio intestinal similares aos de 2021. Exames indicaram ausência de necessidade cirúrgica imediata:contentReference[oaicite:32]{index=32}. O presidente postou foto no hospital fazendo positivo com o polegar, e os médicos conseguiram desfazer a obstrução com tratamento conservador. Após alguns dias internado, recebeu alta sem cirurgia.
- Dezembro de 2022/Janeiro de 2023 – Internação nos EUA: Ao final do mandato presidencial, Bolsonaro viajou para Orlando (EUA) e, em 2 de janeiro de 2023, teve novo episódio de desconforto abdominal. Ele deu entrada em um hospital na Flórida com dores decorrentes de aderências e uma suboclusão intestinal, consideradas ainda sequela do atentado de 2018:contentReference[oaicite:33]{index=33}. Ficou sob observação e tratamento, recebendo alta após a condição ser estabilizada sem procedimento cirúrgico.
- Setembro de 2023 – Cirurgias eletivas: Fora da presidência, Bolsonaro aproveitou o período para resolver outros problemas de saúde: em 12/09/2023 ele realizou duas cirurgias de uma vez – uma para corrigir outra pequena hérnia abdominal e outra uma septoplastia (correção do septo nasal) não relacionada ao abdome:contentReference[oaicite:34]{index=34}. Ambos os procedimentos foram considerados bem-sucedidos e sem relação direta com a facada, mas entram em seu histórico médico.
- Abril de 2025 – Obstrução intestinal e 12h de cirurgia: Este é o episódio atual detalhado neste artigo. Bolsonaro foi internado em 11/04/2025 com obstrução do intestino e submetido à sua sexta cirurgia decorrente da facada de 2018, a mais longa de todas, incluindo retirada de aderências e reconstrução abdominal. Ele permanece em recuperação na UTI, estável e sem previsão de alta:contentReference[oaicite:35]{index=35}.
Em resumo, Jair Bolsonaro já passou por um verdadeiro teste de resistência física desde 2018. Foram, ao todo, seis operações de médio ou grande porte ligadas ao ataque a faca (sete, se contarmos procedimentos não diretamente causados pela facada) e várias internações para tratar consequências desse evento. O autor do atentado, Adélio Bispo de Oliveira, foi considerado inimputável por transtorno mental e permanece detido em um hospital de custódia federal, mas as marcas deixadas pelo ataque persistem na vida de Bolsonaro e influenciam sua rotina até hoje.
Agora, aos 70 anos, o ex-presidente enfrenta uma recuperação que os médicos classificam como “delicada e prolongada”. A expectativa é de que ele fique hospitalizado por pelo menos duas semanas e que sua reabilitação completa leve até três meses, segundo estimativas iniciais dos profissionais de saúde:contentReference[oaicite:36]{index=36}:contentReference[oaicite:37]{index=37}. Bolsonaro terá de seguir restrições pós-operatórias importantes, incluindo dieta específica e limitações de esforço físico, nos próximos meses. Somente após esse período será possível avaliar plenamente se ele poderá retomar suas atividades políticas e viagens pelo país no ritmo anterior.
Por enquanto, a prioridade absoluta é a saúde. O mais recente boletim médico ressalta que Bolsonaro “mantém estabilidade clínica, sem dor, sangramentos ou outras intercorrências”:contentReference[oaicite:38]{index=38}, um alívio para familiares, aliados e apoiadores. Ainda que o processo de recuperação seja gradual, os sinais de melhora são animadores. Nas palavras do próprio Bolsonaro, dita aos profissionais de saúde ao começar a caminhar no hospital: “Não vamos desistir. Vamos em frente, Brasil!”:contentReference[oaicite:39]{index=39}. A nação agora acompanha de perto os próximos passos de sua recuperação, torcendo para que ele vença mais essa batalha pessoal assim como superou as anteriores.